terça-feira, 29 de março de 2011

Texto 7 - John Locke (1632 – 1704)

Origem do texto: LAW, Stephen. Guia ilustrado Zahar: filosofia. Trad Maria Luiza de A. Borges; revisão 
técnica Danilo Marcondes. 2ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. p 282-283.

Como o primeiro dos grandes filósofos empiristas ingleses, Locke quis determinar os limites do conhecimento humano. Uma vez que isso se através dos sentidos, sua aquisição deve ser gradual, limitada pela natureza finita de nossa experiência, que deixa algumas coisas fora de nosso alcance.

VIDA E OBRA
Locke, cujo pai lutou ao lado dos parlamentaristas na Guerra Civil inglesa, permaneceu fiel à idéia de que o povo, não o monarca, é o soberano supremo. Estudou na Westminster School e em Oxford, onde se formou em medicina e, mais tarde, tornou-se professor. Nessa época, seu contato com a escolástica aristotélica não o atraiu para a filosofia. A partir de 1675, porém, passou alguns anos na Fraa, onde estudos da filosofia de Descartes provocaram nele um duradouro impacto. Em 1681, pouco após seu protetor, o conde de Shaftesbury, ser ju1gado por traição, partiu para a Holanda, onde trabalhou em seu Ensaio sobre o entendimento humano. Defendeu ativamente a ascensão de Guilherme de Orange e retornou à Inglaterra após a Revolução Gloriosa de 1688. Em 1690, Locke publicou o Ensaia e os Dois tratados sobre o governo, as obras que lhe valeram sua reputação. Desde eno, envolveu-se mais nos assuntos de governo.

IDÉIAS-CHAVE
Locke foi profundamente influenciado pela teoria "corpuscular" da matéria, de Robert Boyle, uma restauração da idéia dos antigos atomistas de que o Universo é composto de partículas pequenas demais para serem vistas, e em cujos termos o comportamento e a aparência de todas as coisas materiais podem ser explicados. Esses corpúsculos sólidos podem ser descritos em termos geométricos - possuem posição, tamanho e forma e se movem no espo -, mas nossa percepção de qualidades, como cores, odores e sons, é resultado dos arranjos insensíveis dessas partículas. A visão da realidade de Locke é, portanto, firmemente mecanicista.
Locke abraça uma teoria "representativa" da percepção, isto é, a percepção é conseqüência do impacto de objetos físicos sobre nossos órgãos dos sentidos, e as sensações produzidas são como uma imagem da realidade. Só temos acesso direto as nossas próprias sensações e devemos inferir delas a natureza do mundo lá fora. Ele afirmava que só pode haver conhecimento das características observáveis dos objetos, não do que realmente são. Assim, ele abre espaço para que o cético questione nosso conhecimento da realidade.

POLÍTICA
A filosofia política de Locke foi tão influente quanto sua obra em epistemologia. Seguindo Hobbes (p.275), de usou o estratagema do estado de natureza para justificar a autoridade política. Antes da politização, os homens se uniam em bandos para se defender e precisavam encontrar um juiz imparcial para servir de árbitro em conflitos internos. O juiz precisava do apoio da comunidade como um todo. Cada indivíduo tinha que reconhecer a autoridade suprema da lei. Há portanto um contrato implícito entre súditos e soberanos: a autoridade deste não é absoluta; ele tem que responder, em última instância, perante a maioria. Se o soberano viola os termos do contrato, os governados têm o direito de se rebelar.

 Locke opôs-se ao direito divino dos reis, segundo o qual representantes de Deu
reconhecem, na coroação, que o monarca descende diretamente de Adão.

TEXTOS ESSENCIAIS
Ensaio sabre o entendimento humano
Dois tratados sabre o governo

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